
A quantidade de pessoas com fome no Brasil caiu significativamente em 2023. Em 2022, a insegurança alimentar severa afetava mais de 17 milhões de brasileiros, mas no ano passado esse número caiu para 2,5 milhões, representando uma redução de 85%. Assim, a porcentagem da população brasileira vivendo nessa condição passou de 8% para 1,2%, segundo dados da FAO, Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
De acordo com a metodologia da FAO, a insegurança alimentar severa ocorre quando uma pessoa não tem acesso a alimentos e chega a passar um dia inteiro ou mais sem comer, refletindo uma fome concreta e atual que, se persistir, causa graves prejuízos à saúde física e mental, especialmente na primeira infância, afetando o desenvolvimento e a formação cognitiva.
Além disso, o Brasil apresentou melhoras em outros indicadores. Em 2023, a prevalência da subnutrição caiu aproximadamente um terço, passando de uma taxa de 4,2% entre 2020 e 2022 para 2,8% no ano passado. Esses avanços indicam que o Brasil pode novamente sair do Mapa da Fome, uma medição da ONU que lista os países com situações crônicas de falta de alimentos. O Brasil já havia saído desse mapa em 2014 e mantido essa posição até 2018, mas de 2019 a 2022, houve um aumento na pobreza e na insegurança alimentar.
Por outro lado, o relatório da FAO que mostrou o progresso do Brasil também destacou que uma em cada 11 pessoas no mundo pode ter passado fome em 2023. A prevalência global de subnutrição permanece alta, e o mundo está longe de alcançar o objetivo de erradicar a fome até 2030. Em 2022, cerca de 30% da população mundial, ou mais de 2,3 bilhões de pessoas, viviam em insegurança alimentar moderada ou grave, com as situações mais críticas na África e na Ásia.
Em resposta a essa situação global, o Brasil, na presidência do G20, elegeu como uma de suas prioridades a formação de uma aliança global de combate à fome. Essa iniciativa está sendo apresentada no evento ministerial sobre desenvolvimento do G20 no Rio de Janeiro. O presidente Lula já se reuniu com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, que declarou apoio da instituição à medida.